Golpe completou dois anos e já mostrou por que precisa ser derrotado

Neste último dia 17 de abril completou-se dois anos da votação do impeachment comprado contra a ex-presidenta Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados em Brasília, ou seja, dois anos do golpe de Estado. A votação foi marcada pelo espetáculo grotesco dos deputados golpistas, os quais, a cada voto favorável ao impeachment, faziam exaltação à família, aos “bons” costumes e à “luta contra a corrupção”. O show de horrores da votação foi também, por outro lado, um fator educativo para a população brasileira. Transmitido pela imprensa golpista, a votação deixou claro a farsa do impeachment, em que notórios corruptos da direita se colocavam como paladinos da luta contra a corrupção.
De lá para cá, o golpe tem se aprofundado, e o espetáculo de barbaridades daquele fatídico dia 17 de abril de 2016 tem se tornado cada vez maior.
Os golpistas trataram de colocar em prática de maneira imediata a política de terra arrasada contra o povo brasileiro. Foi imposta por aqueles que deram o golpe, por exemplo, a terceirização, o fim das leis trabalhistas, um retrocesso de décadas na luta pelos direitos e garantias da classe operária brasileira. Uma série de medidas contra os direitos democráticos do povo também foram sendo aplicadas. As prisões arbitrárias de dirigentes políticos, a perseguição contra a esquerda, suas organizações, em especial o PT e a CUT.
Após o golpe contra Dilma, os golpistas, por meio da imprensa vendida e do Judiciário, ambos sustentados pelo imperialismo norte-americano, partiram para a ofensiva direta contra a principal liderança popular do país, o ex-presidente Lula. A Operação Lava Jato, uma operação organizada de fora do país, pelo próprio imperialismo, com seus promotores e juízes, como Dallagnol e Sérgio Moro, educados e forjados pelas agências de espionagem dos EUA, tratou de colocar em prática uma verdadeira perseguição contra Lula. Sem qualquer prova, apenas com base na convicção dos magistrados, o ex-presidente foi condenado e preso de forma ilegal e arbitrária.
Para garantir esse “feito” a favor do golpe, a direita golpista utilizou-se do STF e rasgou a Constituição autorizando, também de maneira ilegal, a prisão em segunda instância, passando por cima de uma cláusula pétrea da Constituição de 1988, o que na prática consistiu em um segundo golpe de Estado.
Conforme o golpe foi se aprofundando e foi ficando claro para um número cada vez maior da população, da juventude e da classe trabalhadora que o impeachment não tinha nada a ver com o fim da corrupção, mas que visava colocar em marcha um assalto aos direitos do povo, a reação popular ao golpe ganhou uma certa amplitude, o que obrigou aos golpistas a apresentarem a sua cartada de força: os militares. Os generais, os principais chefes militares vieram a público fazerem verdadeiras ameaças ao povo brasileiro. A intervenção militar, que antes do impeachment era tida pela esquerda como uma loucura de um grupo pequeno de direitistas, tornou-se algo defendido pelos principais generais brasileiros.
Após uma série de exercícios militares em várias regiões do país, o exército, no início de 2018, tomou as ruas da segunda mais importante capital do país, o Rio de Janeiro. Com a desculpa de combater o tráfico e a violência, os militares instituíram um verdadeiro regime de arbitrariedades contra os moradores das comunidades pobres cariocas, com revistas ilegais da população, inclusive crianças, monitoramento de moradores, ameaças e mortes. O caso mais emblemático da ação repressiva, violenta e ditatorial do exército foi a execução da vereadora do PSOL do Rio de Janeiro, Marielle Franco. Morta em uma região central da capital carioca, com quatro tiros na cabeça, Marielle denunciava a violência do exército e da Polícia Militar carioca nas comunidades do Rio de Janeiro.
As execuções e mortes tornaram-se a marca do golpe. Assim como Marielle, várias outras lideranças populares foram assassinadas em decorrência do verdadeiro estado de exceção que foi se impondo sobre o país. As mortes no campo bateram recordes e a cada dia que passa uma liderança dos movimentos sociais é morta pelos agentes golpistas, seja a polícia, os fazendeiros, militares ou jagunços.
Em síntese todo esse conjunto de ataques, mortes, perseguições, caça aos direitos, prisões sem provas etc vem demonstrando para o povo brasileiro que a única forma de derrotar o golpe de Estado é por meio da mobilização popular. As instituições do estado brasileiro, todas elas, tornaram-se reféns e completamente controladas pelos golpistas. O golpe vem instituindo um verdadeiro regime de terror contra o povo. A prisão do ex-presidente Lula demonstrou que não dá para se confiar mais em uma saída pelas vias institucionais, é necessário mobilizar a população em todos os cantos do país, somente uma mobilização revolucionária pode por abaixo o golpe.
Para isso é de fundamental importância a organização em todos locais, nas escolas, fábricas, bairros, no campo e na cidades os comitês de luta contra o golpe. Somente a organização e a luta do povo nas ruas pode impedir que os golpistas continuem destruindo os direitos, a economia e as condições de vida do país. Fonte: Causa Operária. #LulaLivre

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