Para ter consciência da Amazônia que está sendo entregue

A Amazônia é um mosaico de ambientes que apresenta aspectos ecológicos e culturais únicos e que se interconectam para manter o equilíbrio desse todo. Percorrendo a Amazônia vemos regiões com rios de águas negras, não há mosquitos, os sons são misteriosos, o caminhar por essas áreas trazem a lembrança de um templo com vitrais coloridos e sons misteriosos, a floresta é aberta, e os raios de sol passam pelas copas das árvores que dançam e causam efeitos de luzes pelo chão. Estas são áreas frágeis e pouco dinâmicas, ecossistemas que vem se equilibrando ao longo de milênios. Nestes locais se encontram árvores milenares, as de maior longevidade nas florestas tropicais, que tem o seu desenvolvimento ligado com estabilidade e calmaria, um distúrbio nestas áreas resulta na morte destas florestas. A perda é definitiva. Na Amazônia também existem regiões com rios de águas marrons cheia de nutrientes, as margens desses rios movem constantemente, e suas florestas lembram um centro cosmopolita onde uma infinidade de formas de vidas se encontra.
Junto, inserido, conectado, co-integrado e co-evoluído com estes ambientes estão centenas de povos indígenas e povos tradicionais, uma convivência que se já estende por milênios. Hoje em dia já se sabe que a Amazônia foi moldada junto com estes povos; a distribuição das árvores, a constituição do solo se relaciona com a integração entre estas civilizações e o ambiente natural.
De um dia para outro, longe de todo o conhecimento produzido acerca dos estudos nestas regiões e mais longe ainda da consideração dos povos que originários e tradicionais destas áreas, chegam decretos que permitem a exploração e abrem caminhos para a supressão sobre o único argumento de ganho econômico que, alias, é voltado para empresas privadas. Uma regra da RENCA (Reserva Nacional de Cobre e seus Associados) na qual dispõem que a pesquisa geológica para avaliar o potencial de mineração só poderia ser realizada por empresa pública, no caso a CPRM (Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais), acaba de ser derrubada. Agora empresas privadas podem fazer esta avaliação, abrindo caminhos para a exploração da área que engloba mais de 46 mil quilômetros quadrados de Amazônia.
Por Cyro Shiro - Jornalistas Livres.

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