Por um mínimo de dignidade ao servidor público

Luiz Edgard Cartaxo Arruda Júnior - cartaxoarrudajrz@gmail.com - Diretor de Comunicação do Sindicato Mova-se
A vergonha maior é a tentativa de dividir o movimento sindical ao sugerir uma fantasiosa negociação por categorias 
O movimento dos servidores públicos do Ceará se encontra estarrecido com a postura pusilânime do governador Camilo Santana. As expectativas que um governante, com traços de esquerda e oriundo do Partido dos Trabalhadores, fosse representar uma inflexão na forma de tratar e respeitar os direitos dos servidores, se desfez como uma ilusão.
A data-base para o reajuste salarial, que nada mais é que a reposição das perdas financeiras derivadas do índice da inflação tem sido postergada. Após seis meses de promessas, a proposta indecente de reajuste zero, sem fundamentos justificados, enfeitada por um populismo rasteiro ao reduzir o direito de todos ao segmento dos que ganham até um salário mínimo, simboliza o descaso e o afrontamento com a dignidade dos servidores. Há um sentimento generalizado de indignação. A vergonha maior é a tentativa de dividir o movimento sindical ao sugerir uma fantasiosa negociação por categorias profissionais. Um atentado ao bom senso, aos direitos e a paciência de mais de 150 mil famílias de servidores. Não é algo trivial nem passará em brancas nuvens. 

A palavra de ordem é greve geral. O governador pode não ser responsável por toda a trajetória de injustiça que marca a relação perversa do Estado com os servidores. Em uma década e meia, o poder de compra do salário dos servidores foi corroído em cerca de 60%. Essa tragédia é resultante da não reposição salarial das perdas inflacionárias. O governador quer prosseguir nessa marcha insensata e desumana. 
A situação é crítica. A escassez de receitas exige do governante maior prudência nas escolhas de prioridades com os gastos públicos. A vontade política diferencia os governantes, separa a visão de mundo da direita do modo de ser da esquerda. A esquerda sempre busca garantir os direitos de cidadania e fortalecer as políticas públicas. Enquanto a direita privilegia o mercado privado e a redução  das funções do Estado. 
O empobrecimento dos servidores públicos é a essência da pauta de negociação. A atual negligência do Governo do Estado alimenta a combustão para um conflito desnecessário e inconsequente. O único responsável por plantar este clima de instabilidade é o governo. É insustentável esse jogo mesquinho de adiamentos, fugas e embromações. O governador Camilo coloca sua credibilidade em risco, sua identidade política sob suspeita e suas ideologias na berlinda.

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