Teatro pela democracia - Rio de Janeiro

Classe teatral do Rio de Janeiro se une, na Fundição Progresso, a favor da democracia e contra o golpe. Participam pesquisadores como Flora Süssekind, Enrique Diaz, Ivan Sugahara, Angela Leite Lopes, Patrick Sampaio, Gabriela Carneiro da Cunha, Lívia Paiva, Tárik Puggina. E artistas reconhecidos do cenário cênico da cidade, como Amir Haddad, Renata Sorrah, Cecília Boal, Chacal, Carlito Azevedo, Elisa Lucinda, Gregorio Duvivier, Lia Rodrigues, Lucia Murat, Luiz Fernando Lobo, Marcus Faustini, Adriana Schneider, além de alunos, funcionários e professores da Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Penna, entre outros.
Leia o manifesto dos artistas:
“Teatro pela democracia”
Pela legalidade democrática.
Pelo estado democrático de direito.
Contra o golpe jurídico-midiático.
Contra o impeachment.
Este ato surge da necessidade de grupos ligados ao trabalho em teatro de resistir ao golpe em curso e defender a democracia.
Ato aberto e apartidário para o qual conclamamos artistas de outras áreas, profissionais de outros campos e todos aqueles que, como nós, não permitirão que a ameaça ganhe mais terreno.
Vimos repudiar enfaticamente os acontecimentos que atentam contra o estado de direito e a legalidade democrática.
Vimos nos posicionar pela defesa dos direitos civis e das garantias individuais.
Vimos reconhecer a importância das recentes conquistas do povo brasileiro, entre elas a diminuição significativa da secular desigualdade social; a saída do Brasil do mapa da fome; o aumento do acesso das classes populares à educação fundamental, técnica e universitária; o desenvolvimento de políticas pela igualdade e diversidade racial, religiosa e de gênero.
Vimos exigir a continuidade do governo eleito e o avanço das políticas de distribuição de renda e demais pautas tão fundamentais quanto urgentes para uma maior justiça social e ainda carentes de atenção, entre elas a demarcação e defesa de terras indígenas, maior regulação do agronegócio, a defesa do Estado laico, a real reforma política, a democratização dos meios de comunicação, a descriminalização dos movimentos sociais, a aprovação da PEC 150-421 que garante o mínimo de 2% do orçamento federal para a Cultura.
Nós, artistas, que desempenhamos papel histórico fundamental na resistência à ditadura militar, não faltaremos com nossa contribuição em um momento como o que se apresenta. Não se trata de partidarismo. O fazer político não pressupõe filiações institucionais. Tomaremos partido!
Experimentados em dramaturgia que somos, nos afronta a farsa mal armada, o subtexto medíocre, a direção mal intencionada.
Um golpe está sendo montado, podemos ver, mesmo que os refletores apontem para o outro lado e as armas sejam outras.
Não permitiremos que caia o pano da jovem democracia brasileira. Nosso fazer não diz respeito à arte somente, mas a todos aqueles que vivem e tem voz. A todos os que acreditam na importância de ter suas palavras ouvidas e livres, ou virão a delas se servir.
Um palco incendiado põe em risco todos os atores e narrativas. Não admitiremos a reencenação de um triste e — julgávamos — superado período histórico.
No teatro, os que realmente veem e ouvem não permanecem calados por muito tempo. Vemos suas vozes se erguendo em cada vez mais alto e bom som.
Não vai ter golpe.
Nunca mais”.
Fotos: Mídia NINJA

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