A Carlotto e os abutres

Por Darío Gomel - Jornalista - editor do Blog da Dilma Buenos Aires-Argentina
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Neste blog foi explicado, no artigo http://www.blogdadilma.com/na-web/1637-argentina12 o assunto dos abutres na Argentina. Não há muito para agregar ao respeito. Talvez o conceito dito por um dos juízes da Corte Suprema, que qualificou ao Griesa de juiz “de trocha muy angosta”, ou seja, que só tem poder num lugar restringido dos Estados Unidos.
Temos que dividir esta semana em duas partes.
O trabalho na mídia dos abutres locais. Às vezes surge a pergunta; acaso moram canais de TV dominantes? “Argentina deve fazer o pagamento”. “As dívidas temos que cumpri-las” •Senão... Qual será a nossa imagem no exterior?•. Qual será o pensamento das pessoas “que verdadeiramente importam”?
Os políticos que falam disto são quase todos, os mesmos que contraíram a dívida desde que retornou a democracia no ano 1983.  Suas opiniões tiveram uma sorte de “reciclagem” mediática, aggiornada aos tempos que correm.
Não seria justo dizer que trabalham como uma sorte de “Task Force”. O termo “Task Force” (grupo negociador dos abutres) tem um senso particular nestas latitudes, já que, para a gente, foram grupos paramilitares de tarefas, que seqüestraram, torturavam e assassinaram militantes políticos e gente comum durante a Ditadura. Então, dizer “Task Force”, não é quase uma provocação?
Outro lugar comum é: “senão fazemos o pagamento: Default. E se entramos no default, os argentinos perderemos nossas fontes de trabalho, como aconteceu no ano 2001”.
Alem de que seja uma mentira, eles procuram gerar o caos. Que não é difícil com ajuda da mídia liberal.  Eles têm muitos jornais, muitos FM y AM e repetem e repetem e repetem... Caos e mais caos.

Fazer o pagamento como os abutres desejam, seria hipotecar o futuro. Argentina não está em condições de isso; como tampouco era viável abonar o monto total ao Clube de Paris, o FMI, inversores europeus, etc.
Os mesmos deputados e jornalistas procuram não ter uma briga com os Estados Unidos, talvez estranhem as relações carnais dos anos 90. O direito internacional não é importante para eles: Asseguram que temos que resolver nossos assuntos sem prejudicar aos poderosos
O abutre local, liberal, não escuta rações, e não aprende de seus erros.
O outro sucesso foi a aparição do Guido, neto da presidenta da Associação Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto. A filha de Carlotto, Laura, foi seqüestrada e assassinada pelo governo de fato. Quando exoneraram os restos, os mesmos estudos disseram que ela estava grávida no ano 1978.  Ele agora se chamará Inácio ou Guido (Pode escolher o nome, mas não o sobrenome) e está conhecendo a sua nova família.
A justiça trabalha faz dez anos nos juízos de lesa humanidade. Muitos generais estão na cadeia, e também militares de menor grau. Isso foi possível pela derrogação das leis de obediência devida e ponto final, que outorgavam o indulto aos militares que foram condenados nos anos oitenta
A sociedade ainda deve fazer um debate amplio da luta armada nos anos 70. Porém, agora é tempo de festejar, porque como disse alguém. Hoje Argentina é lugar mais justo que ontem.