Folha, TV Cultura e a marcha golpista

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:
Os contribuintes de São Paulo estão pagando para que a TV pública do estado, a TV Cultura, divulgue a Marcha da Família. O evento é organizado por golpistas e terroristas assumidos, embora a TV os tenha pintado com tintas graciosas.
O tal Bruno Toscano, que ganhou destaque no jornal impresso, no UOL, e agora é estrela da TV Cultura, tem longa ficha criminal.
Coleciona também um triste histórico de ameaças de morte a vozes divergentes, além de manifestações medievais e truculentas de homofobia. Ele e seus comparsas promovem, sistematicamente, o uso de armas e até o homicídio contra seus adversários políticos, aí incluindo a chefe de Estado, Dilma Rousseff.
No vídeo, contudo, Toscano amarela e fala que Dilma está “enfrentando” Sarney, que, este sim, seria aliado do “dono do mundo”. Quem pesquisar a ação de Toscano nas redes verá que a ideia que espalha de Dilma não é bem essa: ele coleciona ameaças violentas contra a presidente (leia o texto abaixo, ainda nesse post). Em qualquer país do mundo, estaria preso, a começar pelos EUA, pátria amada e gentil de nossos conservadores.
Aqui se torna estrela de jornais e TV.
O outro que aparece no vídeo é Maycon Freitas, eleito pela Veja no ano passado como “a voz que emergiu das ruas”. Hoje ele se assume, com orgulho, de direita, e também defende uma intervenção militar. “Provisória”, diz ele, sem saber que repete o que também diziam em 64.
É evidente que a mídia está procurando salvar a marcha de um fracasso absoluto. Tenta-se, a todo custo, promovê-la, por motivos que não seria difícil imaginar.
A TV Folha até tentou fazer um contraponto: uma entrevista com Clovis Rossi falando mal da Marcha, mas a tentativa é só para disfarçar.
O vídeo de Rossi não tem força, e não foi sequer promovido, tanto que foi visto por apenas mil pessoas, contra quase 50 mil pessoas que assistiram o vídeo dos golpistas.
O mais importante aqui é que a Folha não se posiciona, de maneira firme, contra uma marcha que defende uma interrupção do processo democrático através de uma nova intervenção militar. O espírito democrático da Folha não funciona quando, como diria Cazuza, seus “inimigos estão no poder”.
(A sugestão do vídeo, exibido na TV Cultura, onde a Folha tem um programa, veio do blog da Cidadania, que também escreveu sobre o tema.)
Eu escrevi um post sobre o tema no Tijolaço, neste final de semana. Reproduzo abaixo.
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O que a Folha não deu sobre os organizadores da nova Marcha da Família
Há cinquenta anos, a Folha de São Paulo assumia-se francamente em favor da derrubada do presidente eleito, João Goulart. Para isso, o jornal, assim como quase todos os grandes meios de comunicação da época, se valiam de uma verdadeira alquimia verbal: os golpistas eram chamados de democratas e o golpe foi chamado de movimento de retorno à democracia.
Foi o maior engodo da história do Brasil. E foi preparado meticulosamente, ao longo de muitos anos, contando com gordo financiamento dos Estados Unidos.
Agora sabemos que a cúpula militar foi subornada. Há relatos de generais recebendo “malas de dólares” pouco antes do golpe.
É curioso que a Folha, que jamais se desculpou pelo apoio ao golpe, agora dê tanto espaço a Bruno Toscano, um dos organizadores da Marcha da Família, a qual defende, entre outras coisas, justamente uma nova “intervenção militar”.
Entretanto, o problema maior não é dar atenção à Marcha, já que é um evento bizarro o bastante para despertar o interesse público e jornalístico. O problema é não dar ao leitor um mínimo de informação sobre o entrevistado, o senhor Bruno Toscano.
Os internautas nos ajudaram a fazê-lo, embora me pedindo que não divulgue seus nomes, porque, segundo eles, Toscano já os ameaçou de morte várias vezes. Já foi montado inclusive um “Dossier Kipedia” com fotografias sobre o comportamento de Toscano nas redes.
São ameaças de morte à presidente da república e militantes de esquerda de forma geral, incitações ao terrorismo político, homofobia descarada.
Vou reproduzir apenas uma dessas coisas:
Por que a Folha não pesquisa sobre o personagem antes de jogar tantas luzes sobre ele?
A reportagem diz ainda que um dos apoiadores da marcha no Rio é Maycon Freitas, “técnico em segurança do trabalho”. A Folha já foi mais profissional. Maycon Freitas trabalha para Globo, como dublê, conforme descobriu este blog. Freitas ganhou notoriedade ano passado, ao aparecer nas Páginas Amarelas da Veja, como a “nova voz que emergiu das ruas”. A matéria compunha uma das tentativas da mídia de manipular as manifestações em favor da direita e contra o governo federal.
Tem mais: as mesmas figuras foram identificadas como os agressores de pessoas que participavam do Foro de São Paulo, no ano passado.
A nossa mídia agora se degenerou a tal ponto que vai promover terroristas?
PS do Fernando Brito: Miguel, a Folha poderia aproveitar o ensejo e perguntar sobre o que é a queixa-crime apresentada contra o Bruno Toscano Franco na 1a. Vara Criminal de São Paulo, no processo 00006262820148140401 do Tribunal de Justiça do Pará.
Ps 2 do Miguel: Tem muito mais coisa, Fernando. A ficha do cara é pesadíssima, mas poupei os leitores; uns amigos guardaram muitas fotos com suas ameaças. Se precisar a gente publica tudo aqui.

Comentários

Salomão disse…
O NOVO AEROPORTO DE NATAL-RN ERA PRA SER AEROPORTO INTERNACIONAL JOHN KENNEDY.

JOHN KENNEDY EX-PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS ENVIOU LEITE EM PÓ NA SECA DO NORDESTE DO BRASIL.


Salomão disse…
O NOVO AEROPORTO DA CIDADE DE NATAL-RN CAPITAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE ERA PRA SER CHAMADO DE AEROPORTO INTERNACIONAL JOHN KENNEDY.

JOHN KENNEDY EX-PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS ENVIOU LEITE EM PÓ NA SECA DO NORDESTE DO BRASIL.


Salomão disse…
Aliança para o Progresso – Wikipédia, a enciclopédia livre
pt.wikipedia.org/wiki/Aliança_para_o_Progresso‎

O presidente John F. Kennedy com a primeira dama Jacqueline Kennedy, em ... Rio Grande do Norte, recebeu visitas do navio Hope, que distribuía leite em pó.


Salomão disse…
3 O Acordo do Nordeste e a Teoria da Modernização - Maxwell
www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/17445/17445_4.PDF

e os Estados Unidos, em abril de 1962, no contexto da Aliança para o ... Nordeste. Para John F. Kennedy, “nenhuma área possui maior ou mais urgente .... o programa Food for Peace, que levou à doação de 40 mil toneladas de leite em pó.


Salomão disse…
Maruim e a ação do Presidente americano John Kennedy | Portal ...
www.maruim.net/2012/03/maruim-e-acao-do-presidente-americano.html‎

11/03/2012 - Durante o governo Kennedy foi criado o programa “Aliança para o Progresso”, ... como a distribuição de leite em pó, construção de uma escola e até um ... a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e ...


Salomão disse…
JOHN KENNEDY LEITE EM PÓ PRO NORDESTE


Salomão disse…
Aliança para o Progresso

Aliança para o Progresso (em inglês: Alliance for Progress; em espanhol: Alianza para el Progreso) foi um amplo programa cooperativo destinado a acelerar o desenvolvimento econômico e social da América Latina, ao mesmo tempo que visava frear o avanço do comunismo nesse continente.

A sua origem remonta a uma proposta oficial do Presidente John F. Kennedy, no seu discurso de 13 de Março de 1961 durante uma recepção, na Casa Branca, aos embaixadores latino-americanos. O discurso foi transmitido pela Voz da América em inglês e traduzido em espanhol, português e francês.

A Aliança duraria 10 anos, projetando-se um investimento de 20 bilhões de dólares, principalmente da responsabilidade dos Estados Unidos, mas também de diversas organizações internacionais, países europeus e empresas privadas.

A proposta foi depois pormenorizada na reunião ocorrida em Punta del Este, Uruguai, de 5 a 17 de Agosto, no Conselho Interamericano Económico e Social (CIES) da OEA. A Declaração e Carta de Punta del Este foram ambas aprovadas por todos os países presentes, com a excepção de Cuba.

A rejeição de Cuba não é de estranhar, já que a Aliança era claramente uma forma de resposta à Revolução Cubana.

A Aliança foi extinta em 1969 por Richard Nixon.

No Brasil, várias missões americanas aportaram no litoral brasileiro. Natal, capital do Rio Grande do Norte, recebeu visitas do navio Hope, que distribuía leite em pó. Na cidade também foi fundado um bairro com o auxilio do Programa Aliança para O Progresso - Cidade da Esperança, além da Escola Estadual Presidente Kennedy, inaugurado na ocasião da visita do senador americano Robert Kennedy a Natal.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Alian%C3%A7a_para_o_Progresso


Salomão disse…
JOHN KENNEDY FEZ MAIS POR NATAL-RN DO QUE VÁRIOS POLÍTICOS QUE ESTÃO NO PODER HÁ DÉCADAS.

JOHN KENNEDY FEZ MAIS POR NATAL-RN DO QUE OS POLÍTICOS QUE SE PERPETUAM NO PODER HÁ DÉCADAS.


NOVO AEROPORTO DE NATAL-RN ERA PRA SER AEROPORTO INTERNACIONAL JOHN KENNEDY.


Anônimo disse…
Acabei de ser informado, através da página Meu Professor de História Mentiu Pra Mim / Homenagem, que uma das páginas do MAV publicou uma foto de um dos organizadores da "Marcha da Família 2014" tendo alterado os dizeres na camisa dele. De "A impunidade é a garantia dos corruptos", a imagem de Bruno Toscano foi publicizada com uma camiseta na qual se lê "Vou matar a presidente". Como dessa turma não se deve esperar nada menos do que a mais deplorável das baixarias, deixo aqui registrada minha indignação com aquilo que é a verdadeira lástima do ocorrido: o fato de Bruno Toscano não ter usado uma camiseta escrito "Vou matar a presidente". Sim, porque se ele o tivesse feito, a marcha teria certamente arregimentado muito mais seguidores.