Arena Castelão: um monumento à insensatez

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José Nilton Mariano Saraiva - marianosaraiva2@yahoo.com.br
Aposentado do Banco do Nordeste do Brasil e economista
Por 90 dias, prorrogáveis por igual período, o governador do Ceará houve por bem decretar “estado de emergência” em 174 dos 184 municípios do Estado, e por uma razão de todos conhecida: a estiagem, com todos os seus maléficos desdobramentos. Segundo os especialistas, esta é a seca mais inclemente dos últimos 50 anos. 
Onde quer que ocorra, a decretação do “estado de emergência”, tal a seriedade embutida em sua operacionalização, há que obedecer a uma série de procedimentos contidos em leis e manuais específicos; portanto, independente do “estado de espírito” de quem o chancela.
Por aqui, a fuga a tais procedimentos nos remeteu à insensatez: é que, em detrimento do clamor dos milhares de conterrâneos que imploram por ajuda (só um pouco de comida e água pra beber), dia a dia os jornais da Capital estampam os números imorais e superlativos da grana gasta pelo Governo do Estado na reforma da Arena Castelão (obra faraônica e desnecessária).
E tudo isso para quê? Para que o nosso falido Estado fosse o primeiro a apresentar à Fifa a Arena Castelão, reformulada e pronta para abrigar seis partidas de futebol durante as copas da Confederação e do Mundial, às quais, devido ao salgado preço dos ingressos, apenas alguns “iluminados” serão testemunhas oculares. Sim, porque querer fazer crer que aqui desembarcarão milhares e milhares de turistas, que gastarão dólares e mais dólares durante os dois eventos. É pura enganação.
Deveriam espelhar-se na miserável África do Sul, em 2010: enquanto foram erigidas “arenas” deslumbrantes e portentosas, perambulavam nas suas cercanias glebas de um povo faminto e desesperado, sequer convidado para a festa. E a África do Sul, depois daí, não recebeu a enxurrada de turistas prevista, nem apresentou nenhum crescimento, a não ser na sua dívida externa (hoje, a dificuldade é manter as tais “arenas”).
Para que servirá Arena Castelão, no pós-Copa? Para abrigar duas vezes ao ano o Clássico-Rei Ceará x Fortaleza? Como justificar a montanha de dinheiro lá gasta, em detrimento do “amenizar a fome e a sede” de milhares de conterrâneos? Sem medo de errar: na posteridade, tende a Arena Castelão ficar conhecida como um “monumento à insensatez”.

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