Charges - A verdade nua e crua

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Eduardo Campos disse…
Entenda a crise da dívida da Grécia

Atualizado em 21 de fevereiro, 2012 - 06:12 (Brasília) 08:12 GMT

País precisa de um novo pacote de resgate para pagar dívidas que vencem em março

Os políticos gregos aprovaram uma nova série de medidas de austeridade necessárias para obter um pacote de resgate para a economia do país.

As medidas eram exigidas pela "troika" – o grupo de negociadores internacionais formados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e União Europeia.

Crise na Grécia

Parlamentares gregos aprovam pacote de corte de salários, empregos e aposentadorias

Povo da Grécia não aguenta mais austeridade, diz ministro

PIB grego caiu 7% no último trimestre de 2011

Na madrugada de terça-feira foi anunciado que o acordo permitirá que o governo grego tenha acesso a 130 bilhões de euros em empréstimos e permitir uma redução de 100 bilhões de euros na dívida que o país tem com bancos privados.

No dia 20 de março, a Grécia precisa pagar uma parcela de 14,5 bilhões de euros.

Entenda, abaixo, como a Grécia chegou nessa situação e quais as medidas em curso para tentar recuperar o país.

Quem está pagando o resgate da Grécia?

Em tese, os governos europeus não estão pagando nada, já que o pacote de 130 bilhões de euros vem na forma de um empréstimo.

O dinheiro será emprestado a uma baixa taxa de juros, mas ainda acima do custo de tomada de empréstimos de países como Alemanha e França.

Ao contrário dos governos europeus, os credores privados – como bancos europeus – vão perder bastante dinheiro.

Pelo acordo, eles vão ter que aceitar uma redução entre 50% e 70% do dinheiro que emprestaram para a Grécia no passado.

O problema é que a economia grega está em estado tão frágil que mesmo esta redução nas dívidas não será suficiente para diminuir o tamanho da dívida grega para que ela possa ser paga no longo prazo.

Por isso, os líderes europeus já estão discutindo novas soluções, como pedir aos bancos privados que aceitem um prejuízo maior ainda, ou sugerindo que bancos centrais (inclusive o Banco Central Europeu) perdoem parte da dívida grega que possuem em títulos.

Outra opção é reduzir a taxa de juros cobrada no pacote de resgate ou reinvestir o lucro dos empréstimos para aumentar os recursos à disposição.


http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/02/120221_grecia_qa_dg.shtml
Eduardo Campos disse…
Continuação 1 :

O que são as medidas de austeridade exigidas da Grécia?

Líderes europeus têm se mantido céticos quanto à habilidade da Grécia em implementar cortes de gastos orçamentários. Então, na mais recente rodada de negociações, exigiram que o Parlamento grego aprovasse medidas que pudessem ser tomadas de forma rápida.

A Grécia foi pressionada a aceitar cortes de gastos mais profundos, relativos a 1,5% do seu PIB, além de cortes previdenciários e de empregos, altamente impopulares entre os cidadãos gregos.

A "troika" também quer que a Grécia torne sua economia mais competitiva, eliminando os custos burocráticos e flexibilizando leis trabalhistas. Também pressionou Atenas a reduzir o salário mínimo, diminuir o número de funcionários públicos, efetuar cortes no valor das aposentadorias e a recapitalizar os bancos gregos.

Mas a Grécia já não tinha implementado medidas de austeridade?

Sim, a Grécia já tinha acordado medidas de contenção de despesas e aumentos de impostos que elevarão a arrecadação em 3,38 bilhões de euros em 2013.


Grécia aprovou medidas de austeridade, depois de já ter implementado duros cortes

No setor público, já haviam sido feitos cortes de salários e de bônus. Cerca de 30 mil funcionários públicos devem ser suspensos, e as pensões que ultrapassarem o teto de 1000 euros sofrerão cortes de 20%.

O governo grego também havia previsto obter 50 bilhões de euros até 2020 com a privatização de ativos estatais - como portos, aeroportos e minas -, mas revisou esse número para baixo por conta da piora recente do cenário econômico.

As medidas vão funcionar?

Essa é a questão de 130 bilhões de euros. O objetivo dos cortes orçamentários é reduzir o deficit grego de 160% de seu PIB para 120% até 2020.

Apesar das medidas de austeridade aplicadas até o momento, o governo grego continua gastando mais do que sua receita em impostos.

Para alguns economistas e para os sindicatos gregos, o plano em curso atualmente está fadado ao fracasso. Eles argumentam que, ao empobrecer a população, as medidas de austeridade vão simplesmente encolher ainda mais a economia do país, reduzir a arrecadação de impostos e aumentar o deficit.

Já líderes da UE dizem que a Grécia não tem escolha - que os gastos estatais precisam cair mesmo que isso signifique danos de curto prazo à economia.

Também argumentam que as medidas, como cortes de salários, farão com que aumente a competitividade grega e atrairão novos negócios ao país.


http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/02/120221_grecia_qa_dg.shtml
Eduardo Campos disse…
Continuação 2 :

O que acontece se o plano fracassar?

Nesse caso, a Grécia não terá como pagar seus credores. Bancos e detentores dos títulos gregos perderiam - mas uma grande parcela do dinheiro já foi, de qualquer forma, eliminado da dívida.

O maior risco pode estar nos mercados, já que os investidores podem perder confiança na habilidade da zona do euro em lidar com países endividados.

A Grécia, em si, não conseguiria mais obter dinheiro emprestado em lugar algum, ficando impossibilitada de pagar o que deve a seus próprios bancos. Isso poderia gerar pânico entre correntistas e possíveis quebras de bancos.


Muitos criticam medidas de austeridade, dizendo que ela empurrará a Grécia a uma recessão maior

O país também poderia ser forçado a deixar a zona do euro.

Por que a Grécia está tão mal?

A Grécia tem gastado mais do que arrecada desde antes de entrar na zona do euro. Após a adoção da moeda comum, os gastos públicos cresceram ainda mais, e os salários do funcionalismo praticamente dobraram.

E ao mesmo tempo em que o dinheiro saía facilmente dos cofres estatais, pouco recursos entravam, já que a evasão fiscal é amplamente praticada na Grécia.

Assim, o país encontrava-se muito mal preparado para lidar com a crise financeira global que estourou em 2008.

Atenas recebeu 110 bilhões de euros em pacotes de resgate financeiro, em maio de 2010, para enfrentar a crise. Depois, em julho de 2011, estabeleceu-se que o país receberia mais 109 bilhões. Mas as quantias foram consideradas insuficientes.

Em outubro de 2011, a zona do euro conseguiu convencer os bancos a "cortar" 50% de seus títulos gregos, além de acordar previamente um pacote de mais 130 bilhões de euros. Os bancos deixariam de receber a metade do valor emprestado originalmente à Grécia ao adquirirem títulos gregos.

Desde então, a situação grega se deteriorou ainda mais, e o acordo agora em debate envolve uma redução ainda maior na dívida grega por parte dos bancos.

Por que a crise não foi resolvida com os pacotes de resgate prévios?

Apesar de o caso da Grécia ser o mais grave, ele é um indicativo de problemas que têm afetado outros países da zona do euro na última década, como altos deficits e crises imobiliárias.

Com a crise, ficou muito mais difícil pagar esses deficits. E os altos níveis salariais desses países os deixa sem competitividade perante outros países. E, por estarem na zona do euro, não têm a opção de desvalorizar sua moeda para deixar suas exportações mais competitivas.

Esses países estão, agora, tendo que levar adiante cortes de gastos dolorosos e aumento de impostos para colocar suas contas em dia. Mas alguns analistas creem que medidas desse tipo acabam por empurrar os países a uma recessão e, em consequência, a uma diminuição da receita obtida com impostos.

Enquanto isso, a UE tenta estabelecer medidas para o caso de mais algum país mostrar-se insolvente. Em outubro, o bloco entrou em acordo quanto ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, com 1 trilhão de euros para enfrentar futuras crises de dívida soberanas. O dinheiro, porém, ainda não foi levantado.


http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/02/120221_grecia_qa_dg.shtml
Eduardo Campos disse…
Europa fecha acordo para segundo resgate à Grécia (act3)

21 Fevereiro 2012 | 07:48
Nuno Carregueiro -


Foram necessárias mais de 13 horas de negociações para sair fumo branco de Bruxelas. Os ministros europeus selaram o acordo que permite à Grécia continuar no euro e evitar a bancarrota, à custa de um maior perdão dos privados e um envolvimento do BCE nas perdas com a dívida grega.


Eram já perto das 04h00 em Lisboa quando em Bruxelas foi anunciado oficialmente o acordo entre os ministros das Finanças da Zona Euro para conceder à Grécia uma segunda ajuda financeira, no valor de 130 mil milhões de euros.

Ao fim de mais de 13 horas de negociações, a solução passou por obrigar os investidores privados a aceitarem um maior perdão de dívida (53,5% do valor nominal, em vez de 50%) e o BCE irá distribuir os lucros que obtenha com a compra de obrigações soberanas da Grécia.

O acordo, segundo as conclusões do Eurogrupo que se iniciou ontem, vai permitir à Grécia chegar a 2020 com uma dívida pública equivalente a 120,5% do PIB, um nível ligeiramente acima do previsto (120%), mas substancialmente abaixo dos 129% estimados pelo FMI, caso os termos do acordo com os privados se mantivesse.

Foi assim sobretudo à custa dos investidores privados que se chegou a nível considerado “sustentável” para a dívida grega. Os detentores de obrigações gregas aceitaram perdoar 53,5% do valor nominal da dívida e trocar estes títulos por novas obrigações, que pagarão uma taxa de cupão de 2% nos primeiros dois anos e de 4% nos anos seguintes.

Já o BCE aceita distribuir os lucros que obtém com a negociação de dívida grega. O dinheiro será distribuído aos bancos centrais dos países do euro, que depois irão canalizar o dinheiro para a Grécia. Nos últimos dois anos o BCE gastou 38 mil milhões de euros em dívida grega e tem agora em carteira títulos avaliados em 50 mil milhões de euros.


Os governos do euro aceitaram ainda reduzir, pela segunda vez, as taxas de juro dos empréstimos à Grécia, cobrando um prémio máximo de 150 pontos base.

De acordo com a Reuters, grande parte do pacote de 130 mil milhões de euros será utilizado na troca de títulos de dívida com os investidores privados, no âmbito do perdão que estes aceitaram efectuar. 23 mil milhões de euro serão utilziados para recapitalizar a banca grega


http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=539463
Eduardo Campos disse…
Continuação 1 :


Reforço de vigilância a Atenas

No comunicado emitido após o final da reunião, o Eurogrupo sublinhou que são necessários "mais esforços" para a Grécia retomar o crescimento económico.

"O Eurogrupo está plenamente consciente dos significativos esforços já feitos pelos cidadãos gregos, mas salienta também que são necessários mais esforços por parte da sociedade grega para fazer regressar a economia ao crescimento", declararam os ministros em nota divulgada em Bruxelas.

"Reiteramos o nosso compromisso de fornecer o apoio adequado para a Grécia durante a aplicação do programa [de resgate] e mais além, até que o país regresse aos mercados, desde que a Grécia aja totalmente em conformidade com os requisitos e objectivos do programa de ajustamento", concretizaram os ministros das finanças do espaço monetário único.

Para garantir que o fracasso do primeiro resgate não se repete, a troika irá "reforçar" a sua presença na Grécia para o acompanhamento do segundo programa. O reforço da vigilância foi anunciada pelo presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker. Olli Rehn, comissário europeu dos Assuntos Económicos, anunciou que Bruxelas irá ter permanentemente uma 'task force' no país, apoiada por especialistas dos Estados-membros da União Europeia.

O comissário europeu acrescentou que os termos do novo resgate à Grécia serão salvaguardados com a criação de uma conta bloqueada com dinheiro suficiente para pagar a dívida do país por três meses. A medida funciona como um serviço de dívida que garante o pagamento helénico de valores mais imediatos, e foi pedida por alguns Estados-membros da zona euro como garantia de um maior cumprimento grego dos acordos firmados à escala europeia.


Dívidas e dúvidas

O acordo alcançado irá permitir à Grécia reduzir o peso da dívida na economia dos actuais 160% para 120,5%, em 2020. Um documento produzido pelo FMI, e que terá servido de base para a recta final das negociações esta madrugada, apontava como cenário central uma dívida equivalente a 129% do PIB da Grécia dentro de oito anos, acima dos 120% que já levam muitos economistas a torcer o nariz e a admitir a inevitabilidade de uma nova reestruturação.

O estudo apontava também para um maior contributo (5,5 pontos percentuais) do Banco Central Europeu, caso este prescinda dos lucros potenciais sobre os títulos gregos comprados no mercado secundário, algo que poderia fazer abater quase 15 mil milhões de euros aos 360 mil milhões a que se elevará actualmente a dívida pública grega.

Com este maior envolvimento do BCE e um maior perdão de dívida dos privados, os ministros conseguiram baixar dos 129% do PIB para 120,5%. Um nível que ainda assim, de acordo com economistas citados pela Reuters, será difícil de atingir, uma vez que só dentro de uma década a Grécia conseguirá regressar a um crescimento sustentável, que permita reduzir o fardo da dívida.

Se a Grécia não cumprir as reformas estruturais a que se comprometeu, poderá chegar a 2020 com o mesmo nível de dívida, ou seja, 160% do PIB, de acordo com o estudo do FMI, citado pela Reuters.

Nos mercados o acordo com recebido de forma pouco animadora. As bolsas, que tinham subido nas últimas sessões à espera deste acordo, negoceiam em terreno negativo e o euro está estável face ao fecho de ontem.

Depois da reunião de ontem, terá hoje lugar a reunião dos ministros das Finanças dos 27 países da União Europeia.

(notícia actualizada às 9h00 com mais informação)


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