UFC, BBB e o naufrágio da mídia

Por Alberto Dines, no Observatório da Imprensa:
O desbunde não ocorreu nas praias: as chuvas torrenciais e as temperaturas suportáveis em grande parte do país levaram todos para dentro de casa. Então o país mergulhou na TV para assistir ao espetáculo da equalização absoluta: enfim a sociedade sem classes, literalmente desclassificada, nivelada por baixo, babando de prazer, brutalizada e feliz da vida por estar sendo enganada.
Esta nova luta chamada UFC-MMA não pode ser considerada esporte. É uma armação comercial, manipulada, montada por espertalhões e avalizada por um sistema midiático que se associou para anestesiar o nosso senso crítico. Esta modalidade pugilística inventada pela família Gracie seria inofensiva se a mídia inteira – rádios, TV aberta, TV por assinatura, jornalões sizudos, jornalecos e portais-bolha da internet – não se acumpliciasse para promover “a competição do futuro”. Nas TVs e rádios, jornalistas jovens, lindas e animadas, anunciavam o “fenômeno que está apaixonando crianças e mulheres.” Isso é criminoso, sobretudo em concessões públicas.

A Rede Globo tem o direito de comprar os produtos que considera compatíveis com os seus paradigmas, mas o resto da mídia (principalmente a Folha de S.Paulo e a Veja) não precisa aderir a essa escancarada prostituição que infecta e contagia as demais modalidades jornalísticas que pratica.
Além dos limites
O colunista de O Globo Zuenir Ventura merece o aplauso por denunciar esta onda de violência física e moral (ver “Por fora da moda” e “O código da discórdia”). Este observador adoraria citar outros nomes. Ainda não apareceram: nesta temporada as consciências também entram de férias.
A nova edição do BBB foi parar no horário nobre e na capa dos jornalões numa audaciosa e despudorada jogada de marketing televisivo. Pura enganação. De novo: as Organizações Globo têm o direito de badalar seus lançamentos da forma que lhes aprouver, ela é craque. Mas a concorrência tem obrigação de exercer o contraditório. Se não o fizer, caracteriza o oligopólio. Uma mídia que limita suas obrigações fiscalizadoras compromete sua credibilidade e seu compromisso com a independência.
Veja conseguiu destacar-se com a matéria de capa da edição 2253. Só cometeu um erro: a chamada de capa com uma interrogação tira dela toda convicção. Neste caso justifica-se o ponto de exclamação: “Passou dos limites!” Sem veemência parece adesão.
Neste verão a mídia está passando dos limites: igualzinha à Costa Cruises, proprietária do Costa Concordia, que recomendou aos comandantes aproximar seus barcos dos vilarejos do litoral para animar o espetáculo turístico. O naufrágio era inevitável.

Comentários

Eduardo Campos disse…
Reino Unido reaviva temores de recessão após contração do 4º tri

De Claudia Rahola (AFP) – há 2 dias


LONDRES — A economia britânica sofreu uma contração de 0,2% no último trimestre de 2011, uma queda maior que a esperada e que reaviva os temores de uma recessão, segundo dados oficiais publicados nesta quarta-feira pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONS).

Esta contração do Produto Interno Bruto (PIB), a primeira registrada pela economia britânica desde o quarto trimestre de 2010 (quando diminuiu 0,5%), foi amplamente atribuída a duas ondas de frio quase sucessivas que atingiram o Reino Unido.

Os analistas esperavam uma contração de apenas 0,1%, após o crescimento de 0,6% registrado no terceiro trimestre, considerado como um reajuste com relação ao período anterior.

Na comparação anual, o crescimento foi de 0,8%, disse a ONS em um comunicado divulgado em Londres.

A contração foi provocada essencialmente por quedas dos setores manufatureiro (-0,9%), da construção (-0,5%) e da produção de gás e eletricidade (-4,1%) devido a uma chegada tardia do inverno (boreal).

O novo dado reaviva os temores de recessão para uma economia britânica afetada pela crise na vizinha Eurozona e submetida a um drástico plano de ajuste pelo governo do primeiro-ministro David Cameron.

O país já sofreu uma profunda recessão de cinco trimestres, entre abril de 2009 e junho de 2006, segundo cifras revisadas ao final do ano passado.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu na terça-feira a previsão de crescimento para o Reino Unido em 2012 a 0,6%, contra 1,6% em sua estimativa anterior.

O ministro britânico das Finanças, George Osborne, considerou as cifras "decepcionantes", mas afirmou que apesar das ameaças de recessão, o governo irá cumprir com as medidas de ajuste destinadas a eliminar um déficit excessivo para 2015.

"O Reino Unido possui dívidas importantes e se não a combatermos agora, nossos problemas econômicos ficarão muito piores", disse ele à imprensa.

"Creio que temos o plano correto e devemos nos ater a ele", disse. "Ao mesmo tempo, no entanto, temos que aceitar que os problemas econômicos do Reino Unido pioraram devido à situação na Eurozona, que tem a crise à beira da esquina", completou o ministro.

O Reino Unido cresceu 0,9% entre janeiro e dezembro de 2011, conforme a última previsão anunciada pelo governo no final de novembro, mas isso supõe uma importante desaceleração com relação aos 2,1% de 2010. Para 2012, a previsão é de +0,7%.

Para os economistas, o Reino Unido, que também registra um desemprego sem precedentes em 17 anos, está prestes a entrar em uma segunda recessão, que é caracterizada por ao menos dois trimestres consecutivos de recuo do PIB. A primeira recessão sofrida pelo país durou 15 meses, entre 2008 e 2009, segundo dados revisados em 2011.

"Não podemos afirmar que a economia britânica está mesmo em recessão até que saiam os dados relativos ao primeiro trimestre de 2012, mas nossa aposta é de que o Reino Unido entrará de fato em recessão e que a economia continuará se contraindo durante a maior parte do ano", disse Vicky Redwood, da Capital Economics.

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http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5hOQ42Gj5ENRsnAGkdxE4l_KoCf2A?docId=CNG.6ea69500b458b4d3d966815716a2c5a2.11
Eduardo Campos disse…
REINO UNIDO PIB 2011 PT