Mídia dá espaço e “tenta” dar discurso e munição à oposição

Escrito por Eason Nascimento
Na semana que passou, empresas chinesas anunciaram significativos volumes de investimentos no Brasil, assunto já abordado anteriormente (clique aqui), quando da passagem da presidente Dilma Roussef pelo país. Acrescente-se nesta relação o anúncio feito pela ZTE, gigante chinesa na área de comunicações, dando conta que implantará uma fábrica de seus produtos, com investimentos de US$ 200 milhões, em Hortolândia, interior de São Paulo. Na passagem pela Espanha do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, para ministrar palestra, O Grupo Telefônica anunciou que investirá R$ 23 bilhões no Brasil, até 2014.
Anúncios como estes, comprovam a confiança que investidores estrangeiros depositam na solidez da macroeconomia brasileira. As agências que medem o risco de investimentos nos países, já elevaram o Brasil a um patamar de confiança que o faz pertencer a um grupo seleto, onde é seguro investir (clique aqui). Enquanto isso, empresas estatais brasileiras irão investir em 2011, um total de R$ 107 bilhões, 2% a mais que em 2010 e ainda teremos outro montante a ser utilizado, oriundo do orçamento público.
Obras de infra-estrutura se espalham por todo o território brasileiro, fruto do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC. Duas grandes hidrelétricas, Santo Antonio e Jirau estão sendo erguidas em Rondonia, e Belo Monte, que será uma das maiores hidrelétricas do planeta, está a caminho, apesar de toda a pressão contrária. Quatro refinarias estão sendo construídas simultaneamente pela Petrobrás, e três das maiores ferrovias do mundo, Transnordestina, Norte-Sul e Oeste-Leste estão com obras em andamento, a exceção da última, lançada recentemente.

Apesar de polêmica, a Transposição do São Francisco, com 642 km de extensão, também faz parte do Programa. O TAV – Trem de Alta Velocidade, conhecido como “Trem bala”, que ligará Rio de janeiro à Campinas em São Paulo, teve aprovada a autorização de empréstimos de R$ 20 bilhões para o BNDS repassar ao consórcio responsável pela sua construção. Em função da realização da Copa do Mundo em 2014 e das Olimpíadas em 2016, Portos, Aeroportos, Metrôs, Rodovias, Viadutos, comporão o gigantesco quadro de investimentos em infra-estrutura no país a curtíssimo prazo.
Embora saibamos que ainda temos muitos problemas estruturais a serem atacados e equacionados, fruto do longo período em que o país esteve praticamente parado, principalmente durante os 8 anos do desgoverno tucano, fico a me indagar, que discurso a oposição deve abraçar, frente ao cenário apontado acima, apesar de termos nos reportado apenas a alguns exemplos de investimentos em obras de infra-estrutura? Se esta análise, mesmo que superficial, se voltasse para as conquistas econômicas e sociais, do governo Lula, o quadro tomaria uma proporção ainda maior.
O surgimento de novos “escândalos” previamente fabricados, pode servir de tábua de salvação, que dê a oposição alguma chance de sobrevivência? A revista Época, deu demonstrações recentes de que aposta nesta alternativa. A publicação da matéria recauchutada do “escândalo do mensalão”, foi utilizada para manter viva esta chama, mas a publicação na íntegra do relatório da Polícia Federal pela revista Carta Capital, jogou um balde de água fria nas pretensões oposicionistas.
Enquanto o DEM se esfacela, os tucanos não se entendem. A “santíssima trindade”, composta por Aécio Neves, José Serra e FHC, divergem sobre estratégias a serem empregadas na tentativa de remontar o que resta de oposição ao Governo Dilma. Aécio conforme pronunciamento recente na sua volta ao senado (clique aqui), propõe uma oposição por ele chamada de “responsável”, sem bater em Dilma, mas voltado contra o PT, recheada de velhos chavões, como o “aparelhamento do estado”.
O rejeitado ex-presidente FHC, prefere apontar a classe média como alvo a ser conquistado, afastando a perspectiva do partido se voltar para os integrantes das classes menos abastecidas, segundo ele, completamente dominadas pelas políticas implementadas nos últimos 8 anos por Lula e que estão sendo reforçadas por Dilma, tese que gerou enorme discordância dentro do próprio ninho tucano.
Enquanto isso, Serra tenta se livrar da pressão para se candidatar à prefeitura paulista em 2012, pois entende que isso o afastaria da próxima disputa para a presidência, acreditando que os 44 milhões de votos recebidos em 2010, o credencia como o candidato com mais probabilidades de sucesso no enfrentamento de Dilma ou de Lula, nas urnas em 2014. No momento, o ex-governador paulista parece mais preocupado com a ascensão de Aécio, que na companhia dos dois petistas, se faz presente com assíduidade, nos seus mais sombrios pesadelos.
A persistir este cenário, se percebe claramente quão difícil está a situação da oposição no Brasil. Pelo visto, as dificuldades se apresentam com viés de alta o que desorienta seus integrantes. Mais do que nunca, precisarão contar com a ajuda incansável da velha mídia, parceira fiel, que apesar da credibilidade em baixa, insiste em distorcer e manipular informações na busca incessante de gerar crises dentro do governo, objetivando criar fatos que possam pautar seus representantes no Congresso, reservando-lhes espaço, e tentando dar-lhes discurso e munição.

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