Dayanne Sousa - Terra Magazine
"Todo mundo sabe que eu perdi muitas eleições no Brasil", começa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao defender a importância do papel de seu vice, José Alencar, nas duas campanhas para a presidência. "Eu tinha 30%, 34%, 32%, 33% e eu precisava encontrar restante, e o restante eu encontrei no José Alencar", declarou a jornalistas em Coimbra, Portugal.
O ex-vice-presidente da República faleceu nesta terça-feira (29) depois de 13 anos de seu primeiro diagnóstico de câncer. A história com a doença colocou seu nome na memória dos brasileiros, mas na política ele também deixa um legado, ao qual Lula faz reverência.
Alencar era uma voz para aproximar o presidente sindicalista do empresariado. Ele mesmo um empreendedor e fundador da Coteminas, se acostumou a discursar contra a política de juros altos. Ao final do governo, porém, elogiou o controle da inflação e disparou, em entrevista ao jornal O Dia: "O Governo Lula é um governo espetacular. Coisas que ele faz, eu não esperava. Pensava que o conhecia bem e não o conhecia".
Em 2010, Alencar emprestou o carisma também para a campanha de Dilma Rousseff, mesmo tendo que lidar com as dificuldades que a saúde debilitada impunha. Conhecido pelo perfil de habilidoso articulador, trabalhou pela vitória de Dilma nas urnas de Minas Gerais quando os partidos aliados já não tinham palanques fortes no Estado.
Em Portugal, Lula recebe nesta quarta (30) o título honoris causa da Universidade de Coimbra, honraria que prometeu dedicar a Alencar. Dilma cancelou reunião com o presidente português, Cavaco Silva, e retorna ao Brasil a tempo do velório do ex-vice-presidente.
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