Obama propõe Orçamento"Robin Hood"

Déficit previsto para 2010 é o maior desde a 2ª Guerra; ricos pagarão mais impostos, e programa de saúde pública será beneficiadoDemocrata promove revisão radical de gastos para tentar conter crise econômica e implementar parte de suas promessas de campanha

Obama explica o orçamento para 2010 ao lado do vice, Joe Biden (à dir.) e dos membros de sua equipe econômica Rob Nabors, Lawrence Summers e Cristina Romer. WASHINGTON- Na guinada de prioridades para o dinheiro público mais radical das últimas décadas, o presidente Barack Obama apresentou ontem sua proposta de Orçamento para o ano fiscal de 2010 nos EUA, na qual os mais ricos pagarão mais impostos para ajudar na criação de um fundo de saúde pública de acesso universal, a verba com a diplomacia aumentará e o gasto com a Defesa desacelerará.Além disso, o democrata propõe taxar empresas poluidoras e usar o dinheiro para investir em energia limpa, diminuir os subsídios dados a agricultores e aumentar os da educação. No caminho, aumentará o déficit e comprará briga com os mais poderosos grupos de interesse dos EUA, numa batalha que promete durar meses.Para já, no ano fiscal de 2009, que se encerra em setembro, o democrata pede autorização para um déficit público de US$ 1,75 trilhão, ou 12,3% do PIB. É o maior desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e o triplo do recorde anterior, no último ano de Bush. Com isso, a diferença entre o que o governo dos EUA arrecadará e o que ele gastará será o equivalente a pouco mais que o PIB do Brasil.Para 2010, o novo governo pede um gasto total de US$ 3,55 trilhões, o que dá US$ 584 por habitante da Terra, ou 2,8 salários mínimos brasileiros. Os valores são todos superlativos no que analistas chamaram de "Orçamento Robin Hood", por financiar os gastos previstos para as camadas menos favorecidas da população por meio da cobrança maior de impostos do alto da pirâmide social.
Reformas vs. crise - Num gesto ousado, o presidente usa o poder da caneta para implantar sua agenda reformista e faz isso sob as nuvens da pior crise econômica desde os anos 30. "Há momentos em que você pode se dar ao luxo de redecorar sua casa e há momentos em que você tem de se concentrar em reconstruir sua fundação", disse Obama, ao anunciar a proposta, ontem. "Hoje, nós temos de nos concentrar nas fundações."Assim, cerca de 2,6 milhões de americanos mais ricos e empresas que contaram com incentivos fiscais durante os anos Bush -como a indústria do petróleo, as financeiras e multinacionais com sede no país- pagarão US$ 2 trilhões a mais de imposto nos próximos dez anos. Do total, cerca de 60% serão destinados à reforma do sistema de saúde no período.Casais que ganham mais de US$ 250 mil por ano e indivíduos que ganham mais de US$ 200 mil por ano -ou 5% da população- pagarão mais, no primeiro aumento dessa fatia desde que o democrata Bill Clinton assumiu o poder, em 1993. Idem para fazendeiros com mais de US$ 500 mil de faturamento anual. "É um repúdio claro à política de Bush", disse Peter Morici, economista da Universidade de Maryland, à agência Bloomberg. "É mais de Obama Robin Hood."Entre os itens da proposta de 2010, que tem 134 páginas, estão subsídios a estudantes de terceiro grau e a intenção de baratear remédios. Nesse último campo, o governo promete, sem dar detalhes, coibir prática da indústria farmacêutica americana de dificultar a chegada de genéricos ao mercado e fortalecer plano da agência reguladora do setor de permitir a compra de equivalentes mais baratos no exterior.
Cadê os que diziam que o que é bom para os EUA é bom para Brasil? Será que vão continuar achando isso com o governo Obama? O império não é mais mesmo, o império capitalista selvagem ruiu. O neoliberalismo tão paparicado pelo falecido Roberto Campos, pelo ex FHC e seus cupinchas amestrado que quebou o Brasil no passado, acabou, morreu. Está nascendo um novo EUA, mais humano, voltado para o povo, com ideais socialista. Vamos torcer para que Obama tenham sucesso nessa mega mudança.

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