O MILÉSIMO GOL DE PELÉRoberto Porto - Direto da Redação
Pouco antes da chegada dos anos 70, a convite do companheiro João Máximo, troquei o Jornal do Brasil, da Avenida Rio Branco – onde começara minha carreira de periodista – pelo novo Correio da Manhã, da Rua Gomes Freire, já sob o comando dos irmãos Alencar – Maurício, Marcelo e Mário. Foi uma espécie de aventura, bem sei, mas estava escorado na Editora Bloch, da Praia do Russel, pela qual iria trabalhar em várias revistas. O fato é, porém, que me vi sem perspectivas de promoção no JB e o que seria uma aventura no Correio da Manhã passou a ser uma bela saída.
Na editoria de esportes do Correio da Manhã, chefiada por João Máximo, passei a conviver com veteranos jornalistas como Ismar Buarque, Hélio Rocha e Raul Pragana e aqueles que foram comigo, como José Trajano, Fernando Calazans, Victor Garcia, Márcio Guedes, Alcimar Rocha e outros. Formamos um grupo alegre e batalhador, quase sempre visitado por Mário Alencar, que gostava de esporte. E trabalhávamos sob as vistas de Gílson Campos, Amílcar Leite e Reinaldo Jardim – este último autor do novo projeto gráfico do tradicional jornal, que caíra em desgraça, tempos antes, por fazer oposição ferrenha à ditadura militar implantada em 1964.
Em O Globo, na Rua Irineu Marinho, Nélson Rodrigues (1912-1980), na época em que escrevia uma coluna política, atacava o Jornal do Brasil, dizendo que o jornal da Condessa Pereira Carneiro (1889-1983) ‘não fazia concessão ao espanto’, discordava do líder católico Alceu Amoroso Lima (1893-1983) e, de repente, em sua mente criativa, inventou também a ‘estagiária de calcanhar sujo’ que, supostamente pertenceria ao novo Correio da Manhã. Nós, do esporte, ríamos às gargalhadas examinando os pés de nossas jovens e estagiárias companheiras, imaginando qual delas teria inspirado Nélson Rodrigues. Mas nada disso tem importância. Ou tem importância relativa.
Em novembro de 1969, Reinaldo Jardim, em suas andanças pelas editorias, procurando assunto para as chamadas de primeira página do Correio da Manhã, passou pela editoria de esportes e perguntou ao editor:
- João Máximo, você tem algo de importante para a primeira página de amanhã?
João foi rápido na resposta:
- Tenho, sim. Amanhã à noite, contra o Vasco, Pelé poderá marcar seu milésimo gol...
Foi então que Reinaldo Jardim quase nos fez cair das cadeiras:
- E isso é importante???????
Na manhã seguinte, dia do jogo, no pé da primeira página, apareceu a chamada para o jogo Vasco x Santos. Até aí tudo bem. Só que Reinaldo Jardim publicou também uma foto de Pelé, quase um garoto, com a camisa do Vasco, que ele envergara num combinado entre os dois clubes. Será que os leitores entenderam? Até hoje eu me faço essa pergunta. Enviado pela Equipe editorial do DIRETO DA REDAÇÃO.
Pouco antes da chegada dos anos 70, a convite do companheiro João Máximo, troquei o Jornal do Brasil, da Avenida Rio Branco – onde começara minha carreira de periodista – pelo novo Correio da Manhã, da Rua Gomes Freire, já sob o comando dos irmãos Alencar – Maurício, Marcelo e Mário. Foi uma espécie de aventura, bem sei, mas estava escorado na Editora Bloch, da Praia do Russel, pela qual iria trabalhar em várias revistas. O fato é, porém, que me vi sem perspectivas de promoção no JB e o que seria uma aventura no Correio da Manhã passou a ser uma bela saída.
Na editoria de esportes do Correio da Manhã, chefiada por João Máximo, passei a conviver com veteranos jornalistas como Ismar Buarque, Hélio Rocha e Raul Pragana e aqueles que foram comigo, como José Trajano, Fernando Calazans, Victor Garcia, Márcio Guedes, Alcimar Rocha e outros. Formamos um grupo alegre e batalhador, quase sempre visitado por Mário Alencar, que gostava de esporte. E trabalhávamos sob as vistas de Gílson Campos, Amílcar Leite e Reinaldo Jardim – este último autor do novo projeto gráfico do tradicional jornal, que caíra em desgraça, tempos antes, por fazer oposição ferrenha à ditadura militar implantada em 1964.
Em O Globo, na Rua Irineu Marinho, Nélson Rodrigues (1912-1980), na época em que escrevia uma coluna política, atacava o Jornal do Brasil, dizendo que o jornal da Condessa Pereira Carneiro (1889-1983) ‘não fazia concessão ao espanto’, discordava do líder católico Alceu Amoroso Lima (1893-1983) e, de repente, em sua mente criativa, inventou também a ‘estagiária de calcanhar sujo’ que, supostamente pertenceria ao novo Correio da Manhã. Nós, do esporte, ríamos às gargalhadas examinando os pés de nossas jovens e estagiárias companheiras, imaginando qual delas teria inspirado Nélson Rodrigues. Mas nada disso tem importância. Ou tem importância relativa.
Em novembro de 1969, Reinaldo Jardim, em suas andanças pelas editorias, procurando assunto para as chamadas de primeira página do Correio da Manhã, passou pela editoria de esportes e perguntou ao editor:
- João Máximo, você tem algo de importante para a primeira página de amanhã?
João foi rápido na resposta:
- Tenho, sim. Amanhã à noite, contra o Vasco, Pelé poderá marcar seu milésimo gol...
Foi então que Reinaldo Jardim quase nos fez cair das cadeiras:
- E isso é importante???????
Na manhã seguinte, dia do jogo, no pé da primeira página, apareceu a chamada para o jogo Vasco x Santos. Até aí tudo bem. Só que Reinaldo Jardim publicou também uma foto de Pelé, quase um garoto, com a camisa do Vasco, que ele envergara num combinado entre os dois clubes. Será que os leitores entenderam? Até hoje eu me faço essa pergunta. Enviado pela Equipe editorial do DIRETO DA REDAÇÃO.
Acesse o blog da Jussara Seixas:
Comentários