O Estadão do Golpe continua o mesmo

Esta era a capa do site do Estadão às três da tarde desta terça-feira: "Com atraso, Brasil entra para o clube do alto IDH". Pronto. Não preciso ficar mais explicando aos estudantes de Jornalismo que me procuram como se dá a manipulação de informações. Ela é sutil, não pode mais ser descarada. No passado, se não houvesse internet, o jornal poderia simplesmente omitir a informação. Agora não pode, mas manipula a forma de dar a notícia. "Com atraso", neste caso, deve ser por culpa do Lula? Qual é o sentido de dar esta manchete e não a mais simples e direta, "Brasil entra para o clube do alto Índice de Desenvolvimento Humano"? O jornal foi ouvir um especialista, segundo o qual o ranking adota 'rótulos artificiais'. Vocês já imaginaram como seria a manchete se o Brasil tivesse mudado de ranking durante o governo de Fernando Henrique Cardoso? O mesmo especialista questionaria os métodos das Nações Unidas? É o que se chama de aplicação de jornalismo crítico seletivamente, só quando interessa.

Mas os leitores do Estadão não devem se preocupar. Se o problema do IDH brasileiro tem relação com os oito anos de mandato de Lula fiquem tranquilos, porque a própria capa do site esclarece: "Terceiro Mandato: Lula diz que não será presidente em 2012." Além de criar o "fantasma" do terceiro mandato, que ajuda a alimentar a oposição a qualquer custo ao governo, o próprio jornal dá conta de acalmar os leitores. Finalmente, vamos à foto de capa. Não se trata de manipulação. Nem de omissão. Neste caso é jornalismo ruim, mesmo. É destaque a uma reunião que não vai chegar a lugar algum. Um encontro "armado" para polir a imagem de George W. Bush, que não quer entrar para a História como guerreiro, mas como homem da paz.

É a reunião de três líderes que não têm como chegar a lugar algum: Abbas, esforçado, negocia sem representar o Hamas, que de fato governa parte dos territórios palestinos. Bush, em fim de mandato, mandou convocar até a Micronésia para participar do encontro. O mundo todo - o real, não o imaginário da mídia - espera a aposentadoria de Bush para tratar dos graves problemas internacionais. Uma reunião dessas sem a presença do Irã, que financia o Hizbollah e o Hamas, é mais ou menos como o Santos, o Noroeste de Bauru e a Anapolina se reunirem para debater o futuro do Campeonato Brasileiro.

Esta é a não-notícia que o governo Lula conseguiu emplacar como notícia, uma vez que o Brasil foi chamado para observar. A Bolívia e a Venezuela se acabando, aqui ao lado, enquanto o Brasil observa em Annapolis. Não poderia observar de binóculos? Escrito por Luiz Carlos Azenha.

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