Xiii...Danou-se. Segura firme que Renan vem ai, e promete por a boca no trombone!Abandonado por parte dos senadores aliados e oposicionistas com os quais ele mantém boa relação pessoal, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), jogou duro nos bastidores ontem. Ameaçou revelar fatos incômodos para colegas e paralisar a articulação política do governo.

Renan já está, aos poucos, revelando reservadamente fatos desabonadores de colegas do Senado. Pelo menos dois casos específicos são citados por Renan. Primeiro, o de um senador que viajou com a namorada para os Estados Unidos com as diárias do casal pagas pelo Congresso. Outro líder partidário teria uma dívida de R$ 50 milhões com um banco estatal. Renan promete revelar os nomes desses políticos em breve. Claro que se for absolvido Renan abafa o caso. Esse clima de terror e ameaça explica em parte porque tantos senadores se sentem constrangidos em condenar o alagoano em público. No Senado, acuado e abandonado, Renan dividiu sua estratégia de sobrevivência política em duas faces. A pública é demonstrar cordialidade. Vai se prestar a depor no Conselho de Ética. A reservada é espalhar tacitamente o terror para outros senadores que no passado lhe pediram favores.

Em discurso, Renan, também mandou um recado para a Globo: "Liberdade de imprensa exige equilíbrio, serenidade, ética e responsabilidade. Sem responsabilidade, abre-se espaço para o excesso, para a pirotecnia, em desfavor das instituições e a bem do sensacionalismo", disse. "Exercer a liberdade requer consciência coletiva, sob pena de se marchar para a ditadura da opinião preconcebida, que, por ser parcial, segue ao sabor dos ventos do preconceito e dos interesses velados." Hummm! que interesses velados seriam esses? O presidente do Senado pediu apoio do governo anteontem e ontem. Por meio do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), tentou costurar uma acordo com o PT para que votar ainda ontem uma absolvição-relâmpago no Conselho de Ética do Senado. Auxiliares de Lula disseram que o presidente não se envolveria na questão. Para Renan e seus aliados, o presidente segue o roteiro tradicional já adotado em relação a outros aliados. (Os Amigos do Presidente).

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Escrito por
Eduardo Maretti - Observatório da imprensa

O livro Midiático poder – o caso Venezuela e a guerrilha informativa, de Renato Rovai, aborda uma temática tão atual quanto preocupante, e bem definida na página de apresentação: a "concentração dos meios de informação em um número cada vez menor de grupos empresariais" e a "a partidarização de grupos midiáticos e o seu envolvimento com golpes de fundo político". Objetivamente, o tema é a tentativa de golpe que atingiu o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em abril de 2002.

Mas a realidade é outra em relação aos golpes de Estado com os quais a América Latina conviveu no século 20: no caso venezuelano, as elites já não se valem de um poder, por assim dizer físico (militar), para "derrubar a Bastilha"; utiliza-se do poder virtual dos meios de comunicação eletrônicos. A televisão substitui os tanques. Na Venezuela de 2002, a rede Univisión, de Gustavo Cisneros, era a mais poderosa – mas, claro, não a única – voz praticante de um "estilo" de jornalismo nada democrático: "O discurso dos meios é unificado por um instrumento de padronização da cobertura, conhecido pelos venezuelanos como una sola voz". Por esse padrão de jornalismo, os cidadãos vêem, ouvem e lêem, em todos os canais de TV comercial, rádio e grandes jornais, apenas uma versão dos fatos. (Leia o restante da matéria aqui).

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Escrito por Bernardo Kucinski - Agência Carta Maior

Ao não renovar a concessão da RCTV, Chávez ganhou tempo. Mas o problema maior continua, permanente, que é a vocação golpista da mídia latino-americana e o grande risco que isso representa para a democracia. Essa é nossa agenda.

Será mesmo que Chávez cometeu um erro de cálculo ao não renovar a concessão da RTCV, como diz o jornalista Teodoro Petkoff, na sua entrevista a Gilberto Maringoni, nesta Carta Maior? Pode ser. Mas sugiro que se inverta a questão. Que se discuta em primeiro lugar a vocação golpista da mídia latino-americana. E por que isso? Porque não é normal grandes jornais ou emissoras de tevê promoverem golpes para derrubar governos. Já as recaídas autoritárias de governantes fazem parte da normalidade política, mesmo na democracia. Kennedy, por exemplo, impediu o New York Times de revelar os preparativos de invasão de Cuba. Um Chávez mandão é o normal na esfera política. Uma mídia golpista é o patológico na esfera da comunicação jornalística. Essa é a aberração que nos cabe discutir. Essa é a nossa agenda. A mídia golpista prefere, é claro, a agenda “Chávez, o autoritário”. (Leia o restante da matéria aqui).

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